I
Aquilo que mais nos faz sorrir é
estar com quem gostamos. Estar com as pessoas que nos fazem bem. Compartilhamos
com pessoas os nossos sonhos, nossas alegrias, nossas tristezas, nossos
medos... E eu acho que é disso que esta história fala. Ela nos conta como
amigos sempre continuam amigos. Como as coisas mudam e ainda permanecem as
mesmas.
A data desta história ainda não
passou por nós. Pode ser que também nem chegue desta maneira, as coisas podem
acontecer e mudar completamente a minha visão de como a vida seguirá seu rumo.
Mas por enquanto, é assim que eu a imagino.
II
“Amanhã
será um bom dia”, foi o que pensei na noite anterior, enquanto corrigia as
provas de meio de ano dos meus alunos. Não era possível acreditar como alguns
alunos podiam se sair bem enquanto outros se saiam tão mal... Por sorte as
férias estavam chegando e eu poderia relaxar e guiar minha atenção em escrever.
Trabalhar como professor tinha suas
recompensas, mas não era assim tão glamoroso quanto se pensa... Certo, ninguém
acha bom trabalhar como professor, satisfeito?
Enfim, o que eu dizia era que o dia
seguinte seria bom.
Naquela manhã de sábado as coisas
pareciam tranquilas. Levantei-me da cadeira onde dormir (em cima das provas) e
fui até o banheiro. Olhei-me no espelho e tive meu pensamento matinal de fazer
a barba, mas a preguiça não me permitiu. Assim como a barba, minhas olheiras
estavam cada vez maiores. Escovei os dentes e defequei.
Coloquei a cafeteira para funcionar
enquanto tomava banho. Lavei-me enquanto cantava Ramble On, do Led Zeppelin.
Após o banho vesti-me com um jeans antigo e largo, minha camiseta do Ramones —
por que não? —, o velho all-star e coloquei uma camisa xadrez cinza.
Tomei meu café e saí do apartamento,
trancando-o e verificando a porta duas vezes para me certificar disso. Adoro
minha paranoia. Parei ao lado de minha motocicleta; uma CB antiga e
completamente arranhada — eu diria vivida! —; e liguei a música do meu celular,
colocando os fones. (Mais Led Zeppelin!).
Coloquei meus óculos escuros de aro
redondo, pus o capacete e montei na motocicleta. Olhei em direção a estrada e
parti. O dia estava começando!
III
Gosto de viajar de motocicleta, mas às
vezes penso que seria interessante ter um carro. Poderia carregar mais coisas.
Mas meu destino tinha as coisas que seriam necessárias, só o que eu trazia na
mochila era meus cigarros, o notebook — caso eu quisesse escrever alguma coisa
—, uma muda de roupas simples, a carteira com algum dinheiro e um caderno.
A cada semestre eu compro um caderno
novo, um hábito que criei durante a faculdade, e nele faço anotações sobre tudo
que passa pela minha mente. Possíveis diálogos, cenas que nunca saíram do
caderno, conversas com personagens — coisa de maluco — e ideias para provas.
Meu caderno era completamente multiuso.
Bem, a viagem foi boa. Essa é a
parte boa de morar apenas a algumas cidades de distância do destino. Cheguei lá
no começo da tarde. Até mais cedo do que achei que chegaria.
Há alguns anos, uns amigos e eu
criamos a tradição de nos reunirmos e... Bem, não sei exatamente o que fazemos,
mas a melhor definição é “curtimos as nossas presenças enquanto rimos das
merdas que falamos e discutimos no auge de nossa genialidade besterilística”.
Enfim, o meu destino era a casa do
Gustavo. Ou Moony, como chamo desde que eu me lembro. Fazia algum tempo que não
nos víamos e ele decidiu sediar a nossa reunião dessa vez.
Moony, menino maroto. O primeiro do
grupo que acabou casando. Seria engraçado dizer que ele se casou com a garota
que ele namorou na faculdade? Talvez. Mais legal que isso é saber que eu quem
dei a maior força pra isso acontecer.
“Ou
você sai com ela, ou saio eu!” era o tipo de ameaça que eu fazia para que
ele tomasse alguma atitude. Obviamente eu não sairia com uma garota que um
irmão estivesse apaixonado por. Sou um bom amigo. Acho.
Encurtando a história. Moony casou
com ela e hoje sou padrinho da pequena filhota deles. Arwen. Ele é realmente fã
de Tolkien. Eu também sou, mas não chamaria uma filha assim... Gosto mais de
nomes simples.
Minha afilhada já tem dois anos e
meio. E também um amor muito grande pela literatura. Não poderia ser diferente,
os pais são escritores e formados em Letras. O padrinho — este que vos fala — é
professor de filosofia e também escritor. No mínimo ela amaria literatura ou
odiaria. Sorte a nossa que ama. E sorte a dela que ela puxou a aparência da
mãe... Embora eu ache que ela vá acabar sendo quase tão alta quanto o pai.
Marido, pai, escritor, amigo e... É.
Ele tem uma boa vida. Sinto orgulho desse garoto, quando o conheci ninguém
daria coisa alguma por ele. H-eh, apenas uma pitada de humor negro para alegrar
a vida. Mas sério, ele não parecia muita coisa quando nos conhecemos, apenas um
cara chato que curtia as mesmas leituras que eu.
Essa é a vida do Moony.
IV
Deixei minha motocicleta em frente à
garagem dele, impedindo qualquer um de entrar ou sair, simplesmente por que
sim, e chamei-o a porta, dando batidas em ritmos musicais.
Ele me atendeu, obviamente já
sabendo que eu era eu. Quem mais bateria na porta dele tocando Highway to hell? Bem, cumprimentamo-nos
e entrei. Deixei a mochila no corredor e fomos até os fundos da casa, onde
estavam já alguns de nossos amigos.
Frank e Chuva.
— Olha quem faltava pra completar o
grupo dos emissários do caos! — anunciei-me para eles — Nem me esperaram pra
começar a beber, não é, seus maníacos?
Frank ainda era um gordinho fofo.
Por muito tempo chamei-o de “goidinho”. Era um apelido bonito e fazia jus a
ele. Mas ele deu uma emagrecida, provavelmente pelo seu excesso de saídas com
mulheres. Ou uma única mulher, ele mantinha uma espécie de relacionamento com
uma mesma garota há anos.
Ele havia aberto o próprio
escritório de arquitetura e estava vivendo bem. Até tinha projetado a casa do
Moony. Ele tentou me persuadir a deixa-lo projetar algo para mim, mas meu
multimilionário salário de professor não me permitiria tal coisa. Mesmo que ele
fizesse o projeto — o que acredito que acabou fazendo, mas nunca disse —
ficaria apenas como um projeto dos sonhos que permaneceria assim... Nos sonhos.
E eu gosto do meu pequeno apartamento.
— Mas você quem disse ontem que não
precisávamos esperar! — justificou-se o Chuva. — E além do mais, sabe que eu
gosto de beber.
— Coisa nenhuma. Se gostasse de
verdade beberia a cerveja como homem... E não ficaria inventando frescuras para
a bebida! — repreendi-o. Ele estava mesmo ainda com um copo de cerveja com
algumas coisas dentro que não eram cerveja.
O nome real do Chuva era Ramon, mas
preferimos chama-lo de Chuva. Ele era nosso amigo bizarro. Jornalista e maluco.
Cheio de ideias mirabolantes e alguma motivação para seguir em frente com
algumas delas. Sempre com óculos escuros pra evitar que as pessoas vissem seus
olhos. Estrábico.
E desde que começou a beber, ele
passou a inventar bobagens para criar bebidas estranhas. Como quando ele fez
uma cerveja com coentro. Sim, coentro. E raspas de casca de laranja.
E esse é o tipo de amigo que eu
costumo ter. Um aluado entre alguns lunáticos. Faz sentido? Se não fizer, faça
de conta que faz e siga sua vida. Por que a minha é divertida com eles.
V
A tarde seguiu com o ar de risadas e
bafo de cevada. Eu precisei me equiparar aos amigos, oras, então bebi mais do
que eles. Como sempre. E então, com o inicio da noite, o Moony armou a
churrasqueira e tentou acender o fogo. Falhando arduamente.
— Você tem certeza que é homem,
Moony? — perguntei-lhe tirando de sua mão os fósforos. Acendi a churrasqueira
rapidamente — Certeza de que foi a sua mulher que ficou grávida e não você?
— Hoho, muito engraçado — caçoou
ele.
— Definitivamente, você é muito
inglês... — comentei
Frank e Chuva se entreolharam,
sorrindo e comentaram baixo “vai começar”.
— GALÊS! EU SOU GALÊS! QUANTOS ANOS
MAIS VAI DEMORAR PRA VOCÊ ENTENDER ISSO?! — gritou Moony para mim.
— Você me parece bastante inglês —
comentei, tomando um gole da minha cerveja e fazendo de conta que o analisava
mais de perto.
— VOCÊ É AMERICANO! CLARO QUE EU TE
PAREÇO INGLÊS!
Silêncio.
Tomei mais um gole da cerveja; olhei
para Frank, Chuva e de volta para o Moony. Começamos a rir todos juntos dessa
velha piada. Uma referência a um antigo projeto em que trabalhamos juntos. Quando
nossas histórias engataram e começamos a pensar em nossos universos com o
devido respeito que eles mereciam.
— Enfim, onde estão suas senhoras? —
perguntei para Moony e Frank.
— Estão vindo. — respondeu Moony —
Foram por o papo em dia... Acho.
— Dez reais de que estão se pegando
— comentei baixo com o Chuva que riu
— Eu caso! — comentou Frank rindo —
Com a minha garota é bem possível.
— Hey! É da minha mulher que estão
falando! — indignou-se nosso inglês/galês
— Bem, então é certeza. Do jeito que
o Moony é... — comentei — Eu acho até que vou aumentar a aposta.
A porta as minhas costas se abriu e
uma voz feminina perguntou:
— Que aposta é essa, Luigi?
Virei-me lentamente para encarar
minha comadre e sorri da maneira mais cara-de-pau possível:
— Nenhuma, pequena, nenhuma. —
respondi colocando a mão atrás da cabeça
— Sei... Eu te conheço, rapaz.
A cena teria sido bem mais pesada se
não houvesse acontecido um pequeno furacão que passou correndo pelas pernas da
Adriana e pulando em mim berrando “tio Luigi!”.
Apanhei minha afilhada no colo e
ergui-a no ar, para o terror dos pais dela que já gritaram para que eu a
abaixasse. Esses pais de hoje em dia são uma chatice, não deixam que a criança
faça coisa alguma. Se não fosse pelo padrinho malandro, ela provavelmente nunca
teria sabido o que é altura até TER altura.
— Trouxe presente pra mim? — ela
perguntou fazendo carinha de anjo
— Carinha de anjo não funciona
comigo e você sabe disso, tampinha. — respondi — Mas não, dessa vez não te
trouxe nada. Quase nem me trouxe.
— Ah é? Por que, cara? — perguntou
Frank — A escola está te dando muito trabalho?
— É... Sabe, eu não sei como alguns
desses moleques consegue chegar ao ensino médio. Tenho visto coisas escabrosas
na língua portuguesa. Deixaria esses dois — indiquei o casal anfitrião — de
cabelos brancos... Digo, mais ainda. — Moony já começava a manifestar os fios
prateados no topo da cabeça.
— Yeay. E você nem pode ralhar
muito, sabe como é professor de filosofia.
— O ensino caiu muito desde a nossa
época. Nem posso mais deixa-los pensar direito. É preciso que eles pensem da
maneira que querem que pensem... Por isso essa geração está fodida.
— Luigi! Olha o palavreado perto da
Arwen! — ralhou Adriana — Vem filha, vamos lá pra dentro, a tia está esperando
— ela falava da namorada do Frank.
Uma baixinha levou a outra para
dentro. Eu ainda não descobri qual delas foi que levou a outra. E nós ficamos
lá fora, esperando a carne assar. Obviamente, o Moony também ralhou comigo pela
palavra dita, mas concordou com o fato de o ensino estar decaindo em certos
pontos.
VI
A noite chegou e, enfim, a comida
estava pronta. Chuva e eu já havíamos descoberto que o Moony tinha um vinho
escondido em um dos armários da cozinha e bebíamos escondidos. Ele
provavelmente nos mataria se descobrisse. Frank
estava se agarrando com a namorada a um canto. E Moony conversava com a esposa,
enquanto ninavam a pequena Arwen.
Quando ela dormiu, eles nos chamaram
para comer. O que foi uma pena, o vinho estava bom e Moony tomou-o de nossas
mãos... Bem, me restou aguardar para procurar mais tarde.
A mesa estava posta e nós nos
sentamos. Confesso que senti um leve pesar por ver os dois casais ali, mas ao
menos o Chuva também não havia levado ninguém... Se ele tivesse levado, eu
estaria mal na história do grupo. Perder pro Chuva é feio.
E a Adriana fez questão de me
alfinetar com esse fato:
— E então, Luigi, algum dia você vai
chegar aqui com alguma namorada? E que estejam juntos há mais do que algumas
semanas...
— Se eu tiver sorte, não. — respondi
enquanto me servia de um pouco de farofa. Males de um nortista. — Sabe que eu
sou um espírito livre.
— Nem me fale, eu me arrependo de
ter tentado lhe apresentar a alguma amiga minha. — comentou ela
— Sério, é você quem veste as calças
nessa casa, não é? — comentei alfinetando o Moony — Moony, qual é, essa mulher
ainda quer ficar me dizendo que tenho que me juntar com alguém...
— Amor, ele tem razão. — defendeu-me
ele — Você sabe que ele é imaturo demais pra um relacionamento sério.
— É! — concordei e por alguns
instantes fiquei em silêncio, até perceber o que ele havia dito — HEY! O que
quer dizer com isso?!
Todos riram. O Frank até se engasgou
com a bebida.
— C’mon. Você sabe que não
conseguiria. — comentou Moony.
Todos concordaram.
— Vocês têm razão. — concordei
sorrindo e voltei a comer — Mas e você, Chuva? Ainda persegue garotas pela
internet?
— Eu nunca persegui ninguém —
respondeu
— E a Mayara? — lembrei-o — Até onde
eu me lembro você ficava sofrendo com seus chifres ilusórios e seguia-a em todo
tipo de rede social, mesmo não tendo chance de ficarem juntos. Qualquer um
sabia.
— Qual é! Eu tinha dezessete anos!
— Eu também já tive dezessete anos e
nunca persegui ninguém.
Chuva jogou-me uma azeitona e eu
revidei arremessando outra.
Os quatro amigos estavam juntos; e
também haviam duas garotas na mesa. Passamos a relembrar os tempos em que
éramos um bando de moleques que tinham sonhos e esperanças. Comparamos nosso
presente com o que achávamos que seria.
— E eu sempre achei que eu acabaria
sendo o cara que ia encaretar, casar e ter filhos. Eu era tão contrário a isso
que achei que ia acabar acontecendo. Sorte que eu sempre posso contar com o
Moony para me tirar desse fardo.
— Disponha. — ele riu e beijou a
esposa.
— Que meigo. — comentei — Ei, que
tal aquele vinho? Já está aberto mesmo...
Chuva concordou comigo e o Frank
incentivou:
— Vamos, Moon. Você comentou que
estava guardando para um momento especial, quer momento mais especial do que
quando reunimos a velha turma?
— Okay... — ele se levantou e foi
buscar o vinho. Ato que eu comemorei batendo na palma da mão estendida de Frank
em um high-Five.
VII
Nossa reunião se estendeu até o
começo da madrugada, regada pelo restante do vinho que conquistamos da adega do
Moony, pela cerveja que comprei para completar o estoque — que já estava baixo
quando cheguei — e também por risadas e insultos comuns vindas das conversas
que tivemos. Coisa de amigos que não se veem com a frequência que antigamente
se viam.
Frank levou a namorada para casa
dela... E provavelmente ficou por lá.
Chuva foi para a própria casa, disse
algo sobre estar bebendo demais e ter que concluir um artigo para o jornal.
Alguma coisa de ser editor e como era difícil escrever coisas que não o
interessavam. Concordo plenamente com ele.
Adriana já havia se deitado e Moon
estava dentro de casa fazendo alguma coisa.
Eu estava sentado no quintal,
observando o luar e pensando no que a vida havia nos reservado. Pensando se as
pessoas que éramos teriam orgulho de quem somos.
Acendi um cigarro e suspirei. Eu
provavelmente havia batido minhas expectativas.
— Entristecido com algo?
Moony sentou-se do meu lado e também
encarava o luar. Ficamos alguns instantes em silêncio e então respondi:
— Mais ou menos. — dei uma longa
tragada em meu cigarro e continuei — estou sendo apenas um pouco nostálgico.
Sabe, curtindo um pouco de auto piedade.
— Martirizando-se por ser professor?
C’mon, até eu fui professor! — comentou ele
— É, mas já não é mais. Eu ainda
sou.
— E acha isso ruim?
— Não... — respondi — Estou apenas
vendo como a vida foi bem vista. Sabe, Frank namorando, o Chuva conseguiu ser
editor do jornal, você constituiu família. Até tem uma filha!
— E...? — ele perguntou, já sabendo
onde eu queria chegar — Sabe, você só precisa deixar as coisas rolarem. Falta
um pouco de risco no que faz.
— Esse conselho é meu. Não o use sem
permissão — comentei sorrindo.
— Mas é verdade cara, você tem se
enfiado em um relacionamento furado atrás do outro desde que nos conhecemos.
Nunca se deixou arriscar de verdade com uma garota. Com quantas você chegou a
sair por mais de dois meses?
Levei o cigarro à boca enquanto
pensava. Ele tinha razão.
— Nenhuma.
— E isso por?
— Acho que tem razão quando diz que
eu ainda sou imaturo pra um relacionamento sério com alguém. Por enquanto
prefiro continuar a vida.
— E o que isso significa?
— Sinceramente, não tenho a menor
ideia — respondi jogando a bituca do cigarro por cima do muro — Talvez
continuar as coisas, seguir com as aulas, rindo com os amigos, cuidando da
afilhada e escrever mais firmemente. Publicar alguma coisa esse ano ainda.
— Gosto de ouvir isso.
— Eu também... Eu também...
— Bem, o sofá está arrumado lá pra
você. Boa noite.
VIII
E então é isso.
A vida segue dessa maneira, ou não.
As coisas podem acontecer desse jeito no futuro. As coisas podem ser
completamente diferentes também, mas eu tenho certeza de que meus amigos e eu
continuaremos amigos. Até o momento em que o universo disser “chega! Não posso permitir que um grupo
assim me derrote!”, aí teremos que lutar contra tudo para preservar essa
amizade.
Por que por eles eu mataria. Os
males do mundo não seriam suficientes para me impedir de continuar amigo desses
lunáticos.