Nessa tarde, a chuva nos agrediu. Não por querer, mas por que precisava. Ela parecia sentir nossa falta. Ela parecia sentir minha falta. Enquanto eu caminhava pela rua, fervendo com o calor, a chuva veio e, como um estouro de rinocerontes, ela acertou a todos. Muitos procuravam abrigo, maneiras de se proteger da forte água que caía dos céus.
Mas não eu.
Eu continuei meu caminho. Deixei que ela me atingisse. Deixei que as gotas atingissem meu corpo, me encharcando. A sensação da água sempre me fez bem, mas parece que, apesar de não ter procurado refúgio, eu fui o que menos se molhou naqueles poucos minutos de tempestade. Algo parecia errado, mas tão certo.
A chuva… A água que caía não estava quente ou fria. Era apenas água. Água em sua verdadeira natureza… Simples, sem retenção e sem se importar. Para a chuva não existe bom ou mau, não existe feio ou bonito, nem rico ou pobre. Ela atinge a todos, por quê? Por que ela pode.