11 de junho de 2012

Diálogo sobre nerds, fliperamas, lendas de bairro criadas a leite com pera e mensagens subliminares.


            Tudo começou em um daqueles dias em que a conversa com um amigo rende mais do que pareceria render, além de obvias risadas sobre as desculpas esfarrapadas que ele dava.

            – Sabe... Eu ainda tenho duas fichas de fliperama. – ele disse.
            – Hun? Sério?
            – É. – ele respondeu, tirando-as do bolso. – Tenho que ir jogar qualquer dia desses.
            – Pra perder outra vez? – zombei.
            – Ah, qual é! Se eu tivesse um joystick não teria perdido!
            – Desculpa fuleira essa, não acha?
            – Falta de pratica cara! Se eu estivesse jogando em casa, com o meu console, eu teria ganhado fácil!
            – Mas não estava.

Nerds jogando.

            – É... – ele baixou os olhos, mas logo tornou a erguê-los, com certo entusiasmo no olhar. – Mas eu ainda vou ganhar naquele jogo!
            – Sei, sei... Você não desafiou um garoto naquele dia? O que houve?
            – Ah, ele não quis aceitar o desafio. Senti no olhar dele que ele queria zerar sozinho... Mas também senti que no fundo ele não queria era arriscar perder uma ficha. Frangote.
            – Essa nova geração de nerds afobados. Nunca irão entender como era a época das casas de fliperamas... Ou bares que tinham fliperamas.
            – É, uma geração criada a leite com pera! Que nunca saberão como é ser “a lenda do bairro” e ser considerado o melhor entre todos. Não sabem que o espirito de um fliperama é o risco de perder.
            – Um bando de crianças que estão tão amedrontadas de sair de casa que quando saem fica a procura da proteção materna para as derrotas que terão. Como se esperassem que ela trouxesse um sanduiche de queijo quente e um copo de limonada.
            – Pais que apostam fichas em gente sem futuro. – ele concluiu. – Isso é engraçado. Com algum nível de conceito oculto sobre tudo que dissemos, e também um pouco de seriedade através das piadas.
            – É... As pessoas deveriam refletir mais sobre essas coisas.

Respectivamente, eu e meu amigo Luan Luigi. (Sim, ele é meu xará).

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