E
em meio à chuva fina que caia naquela tarde, um rapaz de longo cabelo escuro
caminhava; ele procurou nos bolsos da jaqueta um cigarro. Encontrou-o, acendeu
e tragou. Sua caminhada continuava e ele não tinha um destino certo, apenas uma
pessoa que gostaria de ver, mas sabia que ela não o veria.
Soprou
aos poucos a fumaça de seus pulmões e parou em frente a uma pequena cafeteria.
Observando da vitrine. A antiga cafeteria que ia com ela. E ela estava ali. O
café ao lado e com um livro em mãos. O livro que ele dera para ela. E com
ela... O namorado. O cara que o substituíra.
Ele
levou o cigarro aos lábios e deu uma longa tragada. Deu meia volta e continuou
caminhando. Não era ali que ele tinha que estar. Então, ele não estaria. Pensou
em visitar um amigo, mas lembrou-se na metade do caminho que ele estava
viajando com a namorada e a sogra.
O
cigarro apagado, jogado na lixeira mais próxima, enfiou as mãos nos bolsos e
decidiu ir até uma livraria. Precisava refugiar-se em meio a letras e o cheiro
de páginas antigas. Quando chegou a livraria que costumava ir, estava fechada.
Mas ele não era o único decepcionado com isso. Havia uma garota parada em
frente às portas fechadas, observando os poucos livros expostos para atrair as
pessoas.
Ele
sorriu e cumprimentou-a. Era uma amiga que ele não via há algum tempo. Ela
vestia um casaco para proteger-se do frio e carregava uma sacola com algumas
compras. Enquanto conversavam, ele acendeu outro cigarro e ela sugeriu irem a
uma lanchonete.
A
lanchonete estava vazia, apenas os poucos funcionários e outros poucos
clientes; outros desajustados e dois ou três casais; pediram dois cafés e ele
apanhou um pacote de amendoins.
Ela
afastou o cabelo do rosto e tomou um gole do café. Ele prendeu seu cabelo e
depositou uma pequena colher de açúcar em sua xícara. Enquanto mexia, perguntou
à amiga:
—
O que fazia andando por aí?
—
Não queria ficar em casa e precisava de um caderno novo. — respondeu ela — E
você?
—
Apenas caminhando.
—
Sei — disse ela tomando outro gole de seu café — Foi atrás dela, não é?
—
Mais ou menos... — respondeu ele pegando um pouco dos amendoins e jogando-os em
sua boca — Encontrei-a.
—
E?
—
Apenas isso. Não entrei, não falei com ela e nem pretendo...
—
Ela estava com ele, não é?
Ele
ficou em silêncio por alguns instantes, confirmando a pergunta.
—
Sabe, isso te faz mal. Por que ainda insiste em querer vê-la? — perguntou ela —
Ela não vai voltar pra você. Já passaram quatro meses desde que vocês
terminaram.
—
Sei disso... Mas... Não sei.
—
Você precisa de uma namorada.
—
Agora me diz algo que eu não saiba.
—
E ela precisa ser legal. Saber cozinhar, gostar de ler, uma garota bonita, se
dispor a cuidar bem de você. Só aceito o melhor pra você.
—
H-eh. Já disse que te amo?
—
Hoje ainda não. — ela riu.
Pagaram
a conta e saíram. Ele levou a amiga até a estação e despediram-se.
Ele
ainda precisava caminhar. E também, precisava pensar em algumas coisas... Em
sua própria vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário