Era uma noite de verão. O clima estava agradável e muitos jovens aproveitavam o calor para andar pelas ruas e se divertirem, afinal eles estavam de férias. Jack não era um desses jovens, mas desfrutava de um raro período livre entre seus afazeres.
Ele sentara-se sobre a grama, entre as raízes de uma arvore, e observava o passar do tempo. Do lugar onde estava, podia ver as luzes da cidade, e as mesmas não impediam que ele pudesse apreciar o céu estrelado. Era ali que ele costumava passar o tempo, fosse calor ou frio, aquelas raízes o acolhiam por horas enquanto enfiava-se em seus pensamentos, por diversas vezes nublados.
Enquanto pensava, acendera um cigarro e cantarolava alguma canção que há muito estava em sua mente. Uma canção que ele mesmo não sabe a origem, apenas a conhece. Talvez uma memoria reprimida, ele não saberia dizer.
– Sempre gostei dessa música – ele ouviu uma voz conhecida às costas.
Ele voltara-se para trás, para ver a garota que proferira aquelas palavras. Ela era significativamente pequena, o cabelo comprido era mantido solto, e com suas mechas roxas dava-lhe o ar de garota mandona, o rosto bonito estava acompanhado de seu sorriso misterioso, mas que manifestava à calma e confiança que as pessoas sentiam quando estavam com ela.
– Olá Mary. – ele respondera, movendo-se para o lado para que ela pudesse sentar-se com ele e apreciar a vista.
– Oi Jack, como você está? – ela perguntara sorrindo, tomando para si o cigarro.
– Ah, minha amiga... Não estou nada bem. Como sempre. – ele respondera, abraçando-a e apoiando o queixo em sua cabeça ele continuou a canção.
– Ainda sente falta dela, não é? – ela perguntou, devolvendo o cigarro, após uma longa tragada.
– Sempre.
– Você sabe que não foi sua culpa Jack! – ela dissera, mordendo o braço do rapaz. – Sabe que ela quem decidiu ir!
– Ai! Eu sei Mary, mas não consigo... Não quero. – Ele gaguejou. – Sabe que ela era importante para mim.
– Jack pare com isso. Ela te largou tudo bem, mas já faz meses que isso aconteceu! Você acha que não notamos? Você tem sentido pena de si mesmo desde então, mas não percebe que nós, seus amigos, estamos contigo sempre? – ela levantou-se e permaneceu encarando-o.
– Esse é o olhar que me castra... Tudo bem Mary. Eu já entendi. – ele disse, levantando-se também. – Eu sei que vocês me querem bem. E também sei que ela não vai voltar, sei que estou sendo idiota. Mas às vezes, é preciso ser.
– Eu sei Jack, mas você poderia ser um pouco menos idiota. – ela disse, desviando o olhar para o céu. – É uma noite sem lua.
– É... Mais um motivo para eu estar deprimido.
– Achei que você gostasse tanto da lua nova quanto das outras. – ela voltou o olhar para ele, acanhada.
– Sabe que eu nasci sob ela. Mas eu nunca soube nada sobre minha mãe, ou meu pai... Então, é triste olhar para o céu e não encontrar minha protetora. – ele voltou o olhar para o céu, como se procurasse a lua, e jogou o que sobrava do cigarro fora.
– Sabe que eu também quero te proteger, não é Jack? – ela o abraçara.
– Eu sei Mary... Eu sei. – ele respondera, abraçando-a. – E sabe que eu sou muito grato por isso. Eu te amo garota. É parte de mim, minha consciência.
– Faço o que posso. – ela ria, escondendo o rosto no corpo do rapaz.
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A vista de Jack e Mary. (Ou quase isso). |