27 de junho de 2012

Conto – Noite de Luar


             Os tons de laranja iam tomando conta do céu, outrora azulado, mostrando o entardecer, a lua cheia podia ser vista desde algumas horas, mesmo com o céu claro. Os carros que por ali paravam estavam à espera de seus filhos no colégio.
            Sobre o muro do colégio estava um jovem de longas madeixas negras, ele vestia roupas tão escuras quanto seu cabelo, apenas a jaqueta jeans contrariava os trajes, por seu tom azulado-escuro, os olhos estavam ocultos pelos óculos escuros. E enquanto fumava um cigarro ele esperava pensativo.
            Quando o sinal finalmente tocara, ele voltou o olhar para os alunos que saiam apressados, a procura dela, mas eram tantas cabeças passando que ele não conseguia identificar. Ele suspirou, desanimado, pouco antes de sentir alguém puxando a barra de seu jeans.
            – Ei, o que está fazendo aqui? – ele ouviu a voz feminina perguntar.
            – O que? Não posso mais visitar minha amiga? – ele respondeu com sarcasmo, pulando do muro para frente dela. Ela era bonita, isso ninguém poderia negar, seus lábios avermelhados contrastavam com a pele alva. – O que você fez com seu cabelo? Está... Curto.
            – Eu cortei oras. – ela respondera, tomando para si o cigarro que ele a oferecia. – E você não vem aqui desde que foi expulso, há anos. Mesmo depois de ter entrado em outro colégio e até se formado! – acusou ela.
            – Hey, não fui eu quem chutou o colégio, o colégio quem me chutou. Eu apenas estava com receio de aparecer... – ele tentava se explicar. – Mas agora eu sou um universitário, não corro risco algum aqui. No máximo vão me pedir para ficar... Mas eu duvido.
            – É... – ela concordou, jogando a bituca do cigarro para o lado. – Mas me diz, o que você veio fazer aqui?
            – Eu já disse, vim ver minha amiga. Não posso? – ele perguntou, sorrindo. – Oras você nunca reclamou quando eu aparecia antes! Por que o faz agora?
            – É, acho que não... Tudo bem, o que vamos fazer?
            – Andar, eu suponho. – ele respondeu – E você precisa trocar esse uniforme. É estranho andar com alguém que está com. Sei lá, me sinto... Velho.
            – Mas eu quem sou mais velha!
            – Mesmo assim... Vamos até sua casa, faz algum tempo que quero ir lá. –ele sugeriu.
            – E por que não foi?
            – Você sabe muito bem que a faculdade não me deixa tempo para fazer diversas coisas.
            – Mas isso não te impediu de sair com aquela garota naquela noite.
            – Bom, algumas vezes eu tenho que sacrificar uma noite de estudo por algo mais válido... Você sabe muito bem como eu funciono.
            – Podia pensar em me visitar ao invés de sair com cada garota que lhe dá um sorriso! – ela disse, batendo nele.
            – Ai! Ai! Para com isso, você sabe que seus tapas doem! – ele disse, tentando se proteger com os braços.

            Entre tapas e risos, eles seguiram caminho para a casa dela. Onde ela trocou o uniforme do colégio por uma saia, longa e de estampa florida, e uma camiseta de alguma banda de rock que ele não conseguiu identificar o nome pelo símbolo exótico; após um rápido lanche, ele a convencera a subir no telhado para olhar o céu noturno.
            – Só você mesmo pra me convencer a fazer isso outra vez.
            – Eu sei.
            – Lembra-se da ultima vez? Você ficou bêbado com o vinho e achou que ia cair daqui. – ela ria, lembrando-se da visão do amigo rolando pelo telhado e batendo o rosto contra a parede alta que impedira a queda.
            – Lembro... E meu nariz também lembra. – ele dissera massageando o próprio nariz, como se ainda estivesse dolorido. – Bah, eu também me lembro de você ter ficado bêbada com refrigerante!
            – Muito fácil para quem tem diabetes.
            – Não estrague minhas lembranças...
            – E estamos outra vez bêbados da noite.
            – Você nem lembra o que deveríamos estar olhando, não é? – ele perguntou, fechando os olhos, pedindo as estrelas por alguma paciência.
            – O Luar?
            – É, você lembra. – ele sorriu, abrindo os olhos novamente e encarando a grande lua cheia. – Mas bem, Luar, você não esqueceria seu apelido, não é?
            – Não mesmo, Lune.
            – Imaginei...

Um noite de luar, com minha amiga Luar.

2 comentários:

  1. Ficou muito bom o texto, eu digo que você tem talento e que o que você escreve sempre vale a pena ser lido Lune. Esse texto é uma prova disso =P
    Amei ler ele, fico honrada de ter merecido uma aparição nos seus contos e também, temos que fazer isso e ficar olhando aleatoriamente para o céu algum dia desses. n.n

    kissus kissus :*

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  2. Rawr Luar ^^
    Claro que você merece mais do que aparecer em um conto rápido, merece muito mais \o
    E sim, vamos fazer bagunça no telhado \o\

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