25 de outubro de 2012
Fotos.
O entardecer trazia consigo o final da movimentação na cidade. As pessoas seguiam o final do dia indo a suas casas, algumas iam para seus trabalhos noturnos, outros iam se encontrar com amigos para relaxar do estresse do dia-a-dia.
Ainda algumas, como nós, estavam apreciando as cores da praça — que há pouco tempo havia sido reinaugurada após um longo período de reforma —. Algumas famílias estavam lá, com seus filhos e conjugues. Tirando fotos sob as luzes da fonte. Outros, mais solitários, sentaram-se nos bancos próximos apreciando a musica que tocava nos alto-falantes.
— Eu ainda não havia vindo aqui depois da reforma — ela disse
— Eu passei aqui antes, mas não reparei que estava tão bonita. — comentei, alternando o olhar da fonte para a garota que me acompanhava. — Nem que parecia ser tão agradável de estar.
Ela me olhou, o brilho em seus olhos denunciava o contentamento por estar ali. Por alguns instantes permanecemos em silencio, até eu decidir me sentar a beira da fonte, próximo às flores plantadas a sua volta.
— Você pode tirar uma foto? — ela pediu, indicando com a cabeça a fonte que alternava a iluminação entre as cores primarias.
— Claro. — respondi, tirando o celular do bolso e esperando a cor da fonte mudar para a cor que eu queria, um pena meu celular não ser realmente a coisa mais rápida possível para se tirar fotos. — Droga... Não era essa a cor que eu queria.
— Ficou bonita assim também — ela disse, rindo.
— É... — concordei. — Bem, sempre teremos aquele pôr-do-sol.
— Sempre.
Caminhando a noite.
— Então vamos — ela disse.
— O que? — indaguei — Onde?
— Caminhar. — levantou-se ela, deixando-me estupefato com a repentina decisão — Você disse certa vez que queria caminhar comigo a noite, por que não agora?
Estávamos sentados no parque, na pista de skate, rodeados pelas árvores, pelo som da banda que tocava ali e pelo cheiro de álcool e nicotina. As estrelas acima de nós enfeitavam a escuridão daquela noite sem luar.
Ainda absorto em meus pensamentos, vi-a dançar por entre a pista, com um sorriso pueril nos lábios. Não era realmente uma dança, eram apenas alguns passos improvisados, mas para mim tinha ainda seu charme.
Enquanto sorria, ela evitou me encarar até finalizar a pirueta que se encerrou com seu segundo chamado para que eu a acompanhasse. Apenas sorri. Sorri e bati leves palmas para sua dança.
— Ei! Você precisa ter cuidado — lembrei-a — Você ainda não está bem suficiente para fazer esse tipo de coisa.
— Vem comigo — ela chamou uma terceira vez.
Vencido, levantei-me, apoiando o peso do corpo sobre meu apoio e tentei alcança-la.
Quando me aproximei dela, ela deu alguns passos para trás. Como se me provocasse. Tomei-a em meus braços e a abracei, dizendo:
— Meu céu noturno invertido.
Ela envolveu-me com os braços e ficamos ali. Parados. Escutando o silencio noturno travar uma batalha com o alvoroço feito pelas pessoas do outro lado do parque.
— Vamos? — ela convidou
Sorri para ela e estendi meu braço para que ela me acompanhasse. Finalmente caminhávamos juntos durante a noite.
Sorriso Lupino
Abracei-a por trás e continuei andando. Há dias meu andar estava se complicando, mas aquela foi a melhor caminhada que eu havia feito em muito tempo. Caminhamos abraçados por alguns segundos apenas, ela carregou meu apoio e deixou que eu me apoiasse nela.
Fiz isso por tê-la visto entristecer — mesmo que por um instante senti a tristeza tomar seu olhar outra vez — e sabia que eu poderia fazê-la sorrir. Talvez seja um dom para com ela.
Nossos passos estavam ritmados — eu arriscaria dizer idênticos —, ela voltara a sorrir e a dor cessara. Tanto a minha quanto a dela. Ou foi isso que senti, ou deixei de sentir.
A caminhada tornou-se mais rápida com o seguir dos passos e quando se tornaram demasiados rápidos, tivemos que nos separar. Apesar de entender que se não o fizesse iriamos acabar caindo, meu corpo não queria que eu o fizesse.
Quando a soltei, ela devolveu-me meu apoio para que eu pudesse andar “normalmente”, mas seu cheiro havia ficado em mim. O que me fez sorrir ao perceber. Ela viu meu sorriso e desviou o olhar. O que me lembrou de algo que ela me disse em outra vez em que nos vimos. “Sorriso lupino”.
Fiz isso por tê-la visto entristecer — mesmo que por um instante senti a tristeza tomar seu olhar outra vez — e sabia que eu poderia fazê-la sorrir. Talvez seja um dom para com ela.
Nossos passos estavam ritmados — eu arriscaria dizer idênticos —, ela voltara a sorrir e a dor cessara. Tanto a minha quanto a dela. Ou foi isso que senti, ou deixei de sentir.
A caminhada tornou-se mais rápida com o seguir dos passos e quando se tornaram demasiados rápidos, tivemos que nos separar. Apesar de entender que se não o fizesse iriamos acabar caindo, meu corpo não queria que eu o fizesse.
Quando a soltei, ela devolveu-me meu apoio para que eu pudesse andar “normalmente”, mas seu cheiro havia ficado em mim. O que me fez sorrir ao perceber. Ela viu meu sorriso e desviou o olhar. O que me lembrou de algo que ela me disse em outra vez em que nos vimos. “Sorriso lupino”.